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XIRE
XIRE

     

                               XIRÉ

 

       As traduções feitas a seguir podem não corresponder exatamente ao que representam em sua origem, pois penso que, ao longo dos tempos, a tradição oral pode ter transformado as palavras em Ioruba devido à sua “mistura” com o português e outras línguas existentes na época do Brasil-colônia.
Este trabalho foi realizado através de informações colhidas na Internet, transcrições de cantigas em Cd e outros recursos. Não é baseado em dados literários. Em suma, esta pequena pretensão pode vir a ficar próximo da verdade para nos ajuda a entender um pouco o que cantamos para os nossos Orixás, bem como suas lendas e gostos.
Percebemos que a linguagem é simples e, muitas vezes, para dar sentido às frases, temos que acrescentar preposições e/ou substantivos, pois estamos trabalhando com uma linguagem oriunda de um povo com pouca cultura que dava vários significados a uma única palavra.
Infelizmente, os detentores dos estudos literários sobre o assunto, não a disponibilizam com facilidade sendo às vezes, vendidas em partes provocando um desgaste financeiro que nem sempre é possível o que dificulta um pouco a divulgação da religião como deveria ser. Talvez por isso encontramos discrepâncias de culto em uma mesma nação por falta de união e troca de informações de maneira mais democrática.

A música é o elo de ligação entre os Orixás e os seus filhos. Como em tudo o mais, o Xiré ou Siré tem também o seu preceito e existe não só uma ordem a respeitar para convocar os Orixás, como existem palavras e saudações específicas que devem ser ditas para que a convocação dos orixás para o Siré seja correta, segundo os preceitos da nação Ketu.

O Xirê é o nome que se dá ao procedimento de se tocar e danças para todos os Orixá que compõe o grupo dos mais cultuados. É um movimento muito plastico e alegre porque cada Orixá tem danças próprias. Ele ocorre em um Candomblé, que é o nome dado a ocasiao festiva quando uma casa recebe pessoas de fora e toca para os Orixás fazendo o Xirê. 
Assim temos duas coisas. O Candomblé que é a ocasião ou a festa e o Xirê que é a sequencia de danças feitas pelo corpo da casa e que vai de Exu a Oxalá, como a gente costuma falar. No fim um é quase um sinônimo do outro. "vou tocar um candomblé" ou "vou fazer um xirê" são expressões equivalentes.
No Candomble cada Orixá tem cantigas especiais para ele. Também tem toques de atabaque especiais para ele, mais de um tipo. E tem danças associadas a ele e suas cantigas. Conhecer as cantigas, toques e danças é uma ciência. Saber quando usá-las mais ainda. Um xirê dura entre 2 a 4 horas dependendo a boa vontade de quem faz. É um pouco cansativo para quem assiste mas se bem executado é um momento muito bonito, porque as cantigas são simples, mas muito bonitas, os atabaques de candomblé são um espetáculo especial e claro as danças são um momento mágico.
Eu conheci as danças Hawaianas nas vezes que estive no Hawaii, são sem dúvidas muito especiais mas lembram muito o candomblé. Cada dança é uma história ou conta uma história. Aliás certos aspectos da religião deles também lembra.
Mas além de ser um momento plastico e alegre, o Xirê tem um sentido liturgico e filosófico.
É um dança circular, como as que existem em muitas religiões. Liturgicamente falando o Xirê é o momento em que uma casa distribui o seu axé por entre todos os presentes. Uma casa de candomblé tem muitas atividades que geram axé através da transmutação de matéria em energia. Normalmente quando se vai fazer um Xire existe uma preparação liturgica que gera mais axé ainda. Assim, durante o xirê, através do movimento, da dança e dos atabaques os Orixás se fazem presente e distribuem o axé da casa por todos os presentes.
Participar de um Candomblé mesmo como "assistência" é a oportunidade para você ser abençado, ser atendido em seus pedidos e necessidades, de repor o axé que perdeu. Ele vai levar suas mazelas, sua negatividade e te repor com energia positiva. Este é o sentido da presença dos Orixá na terra.
O Xirê é o portal que os traz e que permite que eles distribuam axé para as pessoas que lhes são caras.
Outro aspecto é que esta religião tem como dogma que a nossa presença nesta vida é para sermos felizes! Não nascemos para sofrer e nem para ser infelizes. Não estamos aqui com culpa ou pagando por erros, vivemos para ser felizes com as pessoas que gostamos.
Os Orixás são enviados de Olodumare, o deus supremo Yoruba, para nos ajudar a ser felizes. Os Orixás estão na terra para nos ajudar nas nossas dificuldades e para que nossa vida seja uma vida prospera e saudável. Eles não estão aqui para serem cultuados, é o contrário.
Olodumare é um deus distante. Ele não é nosso deus exclusivo, é deus de tudo o que existe na terra de todas as criaturas. Para nos socorrer ele colocou os Orixás e é a eles que recorremos.
Para que o culto de nossa religião fosse um momento de felicidade e alegria e não um momento de sizudes e reclusão,  Olodumare estabeleceu no odu Oxeotua que o culto fosse repleto de felicidade e alegria. Desta forma as oferendas são comidas votivas que são feitas e divididas com toda a comunidade. Comida é vida e comer é em toda a humanidade um dos maiores lazer das pessoas.
Igualmente esta festa se complementa com canto e dança. os Orixás querem ser louvados com alegria e não com a cabeça baixa, os olhos fechados e a cara triste.
Desta maneira um Xirê é como uma missa, é o ponto alto da louvação aos Orixás, a Olodumare e à vida. Normalmente após dias ou semanas de liturgias internas em uma casa, sempre tudo se conclui com o Xirê, com a alegria e a distribuição de axé. 
É assim que os Orixas querem ser lembrados e cultuados para que isso nunca seja um peso para nós. Louvar os Orixás nos traz alegria e comunhão e assim não tendo motivo para não fazer isso sempre.